segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Formação de novas partículas acima do topo das árvores contribui com as chuvas na Amazônia
08 de novembro de 2024

Pesquisa publicada na Nature Geoscience e liderada por cientista brasileiro mostra como explosões de nanopartículas induzidas pela chuva ajudam a formar nuvens e precipitação, influenciando o ciclo de água, clima e balanço energético da Terra

Luciana Constantino | Agência FAPESP – Pesquisa publicada nesta sexta-feira (08/11) na revista Nature Geoscience desvenda uma importante peça do quebra-cabeça que busca explicar a formação de chuvas na Amazônia, uma das regiões mais influentes no clima global. Segundo o estudo, a floresta é capaz de produzir sozinha aerossóis que, induzidos pela própria chuva, desencadeiam um processo de novas formações de nuvens e precipitação, influenciando assim o ciclo de água, o clima e o balanço energético da Terra.

O trabalho mostra que, com a chuva, há um aumento na concentração de ozônio que oxida moléculas naturalmente liberadas por gases exalados pela floresta, os chamados compostos volatéis orgânicos, especialmente terpenos. A oxidação produz novas partículas muito pequenas logo acima do topo das árvores, em uma espécie de explosão de nanopartículas (menores que 40 nanômetros). Essas partículas, por sua vez, dão origem a núcleos de condensação que levam novamente à formação de nuvens mesmo em condições de ar puro na estação chuvosa.

A descoberta abre novas perspectivas nas complexas interações químico-atmosféricas, meteorológicas e dos ciclos de retroalimentação que os cientistas chamam de “oceano verde”, isto é, a capacidade da Amazônia de gerar seu próprio ciclo de nuvens e chuva de forma semelhante ao oceano. Até então, acreditava-se que a floresta não conseguia produzir esses aerossóis, e a hipótese era de que eles vinham de altitudes maiores.

Para que haja chuva, além de vapores d’água, são necessárias partículas atmosféricas que atuem como núcleos de condensação, ou seja, superfícies onde o vapor pode se transformar em gotículas. No entanto, a origem desse processo na Amazônia ainda era pouco compreendida, principalmente durante a estação chuvosa.

Agora, uma equipe internacional, com pesquisadores do Brasil, Alemanha e Suécia, analisou um extenso conjunto de vários tipos de dados do Observatório de Torre Alta da Amazônia, ATTO na sigla em inglês, para mostrar esse processo. Estão incluídas informações meteorológicas, de gases, entre outras.

“É uma simbiose que ocorre em todo o processo. A chuva por um lado limpa a atmosfera, reduzindo o número de partículas. Porém, ao mesmo tempo inicia um processo de formação de novas partículas que vão crescer e servir como núcleo de condensação para a próxima chuva”, explica à Agência FAPESP o professor Luiz Augusto Toledo Machado, autor correspondente do artigo, pesquisador do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e colaborador do Departamento de Química do Instituto Max Planck, na Alemanha.

A FAPESP apoia o trabalho por meio de dois Projetos Temáticos vinculados ao Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) – um deles liderado por Machado e outro pelo professor Paulo Artaxo, também do Instituto de Física da USP e coautor do artigo.

No estudo, os pesquisadores descobriram que, após a chuva, as concentrações de partículas são mais altas próximas ao topo das árvores (dossel), indicando que elas são formadas dentro da floresta. Esse processo persiste na estação chuvosa, que normalmente ocorre de dezembro a maio, indicando formação contínua de partículas dentro do dossel e de uma nova população de partículas.

“Nossas descobertas marcam uma mudança de paradigma no entendimento das interações entre partículas de aerossol, nuvens e precipitação na Amazônia. Essas interações são críticas para compreender alterações no balanço radiativo da Terra, especialmente à medida que as mudanças climáticas influenciam a circulação atmosférica, como os eventos de El Niño e La Niña”, diz Ulrich Pöschl, diretor do Departamento de Química do Instituto Max Planck, também coautor do trabalho, em comunicado da instituição.

Segundo os cientistas, esses resultados são essenciais para entender como mudanças nos padrões climáticos amazônicos podem afetar não só o clima global, mas a estabilidade ecológica.

Quadro atual

O Brasil vive neste ano uma das piores secas da história, atingindo vários Estados. Na Amazônia Legal, cerca de 69% dos municípios foram afetados em algum grau nos primeiros seis meses, superando o mesmo período de 2023. Foram 531 cidades das 772 da região, segundo levantamento do InfoAmazônia com base no Índice Integrado de Seca, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Impulsionada pelo El Niño, a crise climática também tem afetado os rios amazônicos, que vêm registrando os níveis mais baixos, deixando ilhadas populações ribeirinhas e afetando abastecimento e transporte. De acordo com o Serviço Geológico Brasileiro (SGB), a seca ainda pode agravar essa situação até dezembro – Boletim de Alerta Hidrológico da Bacia do Amazonas aponta que a tendência é que o rio Negro tenha "repiquetes" até o último mês e volte a subir só em janeiro. Já o rio Acre, por exemplo, teve mínima histórica de 1,23 metro em Rio Branco no final de setembro.

Por outro lado, apesar de o desmatamento na Amazônia ter caído cerca de 30,6% entre agosto de 2023 e julho deste ano comparado a agosto de 2022 e julho de 2023 (ficou em 6.288 km² ante 9.064 km²), segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a degradação da floresta, principalmente pelas queimadas, aumentou.

Segundo Machado, o desmatamento e a degradação têm impactos importantes no ciclo de chuvas da Amazônia. “Para haver os gases que formam as partículas, é preciso ter a floresta. Sem árvores e sem vapor na atmosfera, não há partículas, reduzindo ainda mais as chuvas.”

Com base nos dados do ATTO, o grupo conseguiu mostrar como a precipitação pode desencadear a formação de novas partículas no dossel da floresta. Localizado no meio da Amazônia, na Reserva Biológica de Uatumã, a cerca de 150 km ao norte de Manaus, o ATTO é administrado conjuntamente por cientistas do Brasil e da Alemanha. Tem uma torre com 325 metros de altura e outras duas de 80 metros.

Construção da ciência

Em 2016, o grupo já havia encontrado formação de novas partículas no topo da troposfera em torno de 14 km de altura, embora ainda não tivesse entendido o processo de formação e seu papel no clima (leia mais em: agencia.fapesp.br/24177). Um novo artigo está sendo preparado apresentando essas explicações.

Para descrever como essas partículas eram produzidas, os cientistas fizeram um experimento de campo, que chamaram de CAFE-Brazil, sigla em inglês para Chemistry of the Atmosphere: Field Experiment in Brazil. “Em 2023, fizemos essas grandes quantidades de medida e chegamos a descrever todo o processo de como se formam as partículas lá em cima”, completa Machado.

Para as futuras pesquisas, apontam a necessidade de experimentos em câmaras no nível do dossel das árvores para controlar a concentração de ozônio e entender melhor sua influência na formação das partículas envolvidas na chuva.

O artigo Frequent rainfall-induced new particle formation within the canopy in the Amazon rainforest pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41561-024-01585-0. 


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Novo mapeamento expõe diversidade da Caatinga

Novo mapeamento expõe diversidade da Caatinga

Proposta se apoia na distribuição de espécies exclusivas do semiárido nordestino Carlos Fioravanti, da Revista Pesquisa FAPESP


   

Floresta vista do alto de uma torre de observação no planalto de Borborema, em Campina Grande, Paraíba, durante a estação chuvosa

Carlos Adrian Rodrigues Mota

As matas verdes e densas que cercam a serra de General Sampaio, no Ceará, trazem à mente os tapetes verdes e viçosos da Amazônia. Pelo interior da Paraíba, da Bahia e de Minas, há árvores imponentes, como as barrigudas, que precisam de quatro adultos de braços abertos para serem abraçadas. Pedregosos, com vegetação rala, os campos rupestres da Chapada Diamantina lembram o Cerrado, embora, como as outras paisagens citadas aqui, estejam dentro da Caatinga.

Espalhando-se por 10 estados do Nordeste e Sudeste, a Caatinga tradicionalmente remete apenas a lugares áridos, mas na realidade é mais colorida e variada. Uma proposta de reclassificação, detalhada em um artigo de 59 páginas a ser publicado em breve na revista especializada The Botanical Review, do Jardim Botânico de Nova York, nos Estados Unidos, divide a Caatinga em 12 subunidades biogeográficas, de acordo com uma abordagem que considera a distribuição espacial de espécies endêmicas (exclusivas), derivada principalmente do tipo de solo (ver mapa abaixo).

“A Caatinga são muitas Caatingas”, sintetiza a botânica Daniela Zappi, uma das autoras do trabalho. Ela percorre o sertão do Nordeste desde 1987 em busca principalmente de cactos, aos quais dedicou o mestrado, o doutorado e boa parte dos 23 anos em que trabalhou no Kew Gardens, no Reino Unido, antes de voltar ao Brasil e dividir-se entre instituições de pesquisa de Belém e Brasília.

“A Caatinga tem onça-pintada, onça-parda e anta, em meio a paisagens de beleza estonteante”, acrescenta o biólogo Marcelo Moro, coordenador do estudo, que anda por lá desde seus tempos de estudante de ciências biológicas na Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele começou a detalhar a distribuição geográfica das espécies de plantas e animais de algumas áreas do bioma no doutorado e em estágio de pós-doutorado, ambos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com bolsa da FAPESP.

Eric Hunt / WikimediaDormideira (Mimosa borboremae), encontrada apenas nas matas do planalto de BorboremaEric Hunt / Wikimedia

Em agosto de 2016, voltou à UFC, agora como professor concursado. “Percebi que o trabalho de mapear toda a região precisava de mais gente”, contou. Juntaram-se a ele dois geógrafos especializados em mapeamentos, Rubson Maia, da própria UFC, e Luis Costa, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em Minas Gerais. Também conseguiu atrair o interesse de quatro botânicos: além de Zappi, Nigel Taylor, botânico aposentado do Jardim Botânico de Kew, Vivian Amorim, da Universidade Federal do Cariri, e Luciano Queiroz, da Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia. Zappi e Taylor são especialistas em cactos, Amorim em asteráceas, uma família botânica ampla, com 32 mil espécies, e Queiroz em leguminosas, família com 19 mil espécies.

Ao grupo de botânicos coube a tarefa de delimitar as áreas ocupadas por 328 espécies de plantas exclusivas da Caatinga. O mandacaru (Cereus jamacaru) e o xique-xique (Xiquexique gounellei) crescem por toda a região, mas não nos ambientes vizinhos, enquanto o quipá-mirim (Tacinga mirim), outro cacto, só foi encontrado no Ceará. Uma erva de pequenas flores brancas, a vassourinha-de-botão (Borreria apodiensis), limita-se à Chapada do Apodi, na divisa entre os estados do Rio Grande do Norte e do Ceará, uma área com muitas cavernas. Um roedor de 20 centímetros, o rabo-de-facho (Proechimys yonenagae), e pelo menos 30 espécies de lagartos são exclusivos das dunas do rio São Francisco, nordeste da Bahia (ver Pesquisa FAPESP no 57).

Rafael M. R. SerraLagarto Procellosaurinus tetradactylus, das dunas do São FranciscoRafael M. R. Serra

Moro e equipe refinaram uma classificação anterior, com oito áreas – ou ecorregiões. A categorização havia sido formulada pela zoóloga Agnes Velloso, da organização não governamental The Nature Conservancy Brasil (TNC Brasil), pelo engenheiro florestal Frans Pareyn e pelo agrônomo Everardo Sampaio, ambos da Associação Plantas do Nordeste (Apne), e publicada como livro em 2002 pela própria Apne.

A nova divisão da Caatinga adota a nomenclatura internacional para delimitação de áreas de endemismos (da maior para a menor, reino, região, domínio, província e distritos), oficializada em julho de 2008 na Journal of Biogeography (ver definições detalhadas no box). De acordo com essa abordagem, toda a Caatinga foi considerada um domínio biogeográfico. As três unidades com maior área são províncias e subprovíncias: dois subtipos de caatinga (neste caso com inicial minúscula por ser uma parte da Caatinga), a stricto sensu e a de areia, e a Chapada Diamantina.

Rubson Maia Árvores crescem em um buraco formado em terreno sedimentar de Irecê, BahiaRubson Maia

A caatinga stricto sensu assenta-se em terrenos com rochas cristalinas (vulcânicas) e solos pedregosos e moderadamente férteis. Por sua vez, tem três subdivisões (distritos biogeográficos) – as Depressões Sertanejas Norte e Sul e o Distrito Borborema –, cada uma com comunidades próprias de animas e plantas, embora sejam vizinhas. Só na Depressão Sertaneja Norte, podem ser encontrados, por exemplo, a palmeira Syagrus cearenses e o calango-de-lajeiro (Tropidurus jaguaribanus); apenas na Depressão Sertaneja Sul crescem o arbusto Holoregmia viscida e o pau-jacaré (Tabaroa caatingicola); e somente no Distrito Borborema vivem o cacto Pilosocereus chrysostele e a erva de flores lilases, a dormideira (Mimosa borboremae).

A segunda grande unidade da Caatinga, a caatinga de areia, é constituída por terrenos com rochas sedimentares que originaram solos arenosos e pobres em nutrientes. Por sua vez, é subdividida em quatro partes, cada uma com suas espécies próprias. A cebola-brava (Cearanthes fuscoviolacea) é uma das espécies endêmicas do distrito Ibiapaba-Piauí; o soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni), um pássaro pequeno e colorido, vive apenas nas matas úmidas do Araripe; o lagarto-escrivão (Scriptosaura catimbau) é típico do distrito Tucano-Jatobá e geralmente vive enterrado. Já na areia das dunas do São Francisco vive o roedor Trinomys yonenagae, os lagartos Procellosaurinus tetradactylus e Eurolophosaurus divaricatu e as serpentes Typhlops yonenagae e T. amoipira, exclusivos dali.

Nina Wenóli /iNaturalist Araras-azuis-da-caatinga (Anodorhynchus leari), típicas do semiárido brasileiroNina Wenóli /iNaturalist

Na caatinga stricto sensu e na de areia, as plantas desenvolveram mecanismos de adaptação ao clima seco: muitas espécies perdem as folhas no início da longa estação seca e rebrotam rapidamente logo que caem as primeiras chuvas. Nessas duas áreas há também espécies comuns às que ocorrem na Mata Atlântica, no Cerrado e em áreas não alagáveis do Pantanal, como o angico (Anadenanthera colubrina), a jurema-branca (Piptadenia retusa) e a aroeira (Astronium urundeuva). “Há, ainda, pequenas áreas, chamadas encraves, de florestas secas no Cerrado e na Mata Atlântica”, diz Moro. Segundo ele, matas secas na Bolívia, na Venezuela e na Colômbia também têm espécies em comum com a caatinga no Brasil.

Já a província da Chapada Diamantina, dentro do Domínio da Caatinga, ocupa as áreas altas da Bahia, com vegetação de caatinga, matas úmidas, savanas e campos rupestres (ver Pesquisa FAPESP nos 86).

Marcelo MoroMata preservada em Itapajé, CearáMarcelo Moro

Outro conjunto de unidades são mais três distritos – Potiguar, Irecê e Peraçu –, com muitos afloramentos (rochas expostas) de calcário, redes de cavernas e animais ainda pouco conhecidos, que não se distinguiam nos mapas anteriores. Parte das cavernas está protegida no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.

Uma última unidade se encontra isolada, ao norte, margeando o litoral: é a costa da Caatinga, que reúne espécies de plantas desse bioma, do Cerrado e da Amazônia, devido à precipitação mais alta no litoral que no interior da Caatinga.

Moro, com sua equipe, está mapeando os encraves de matas úmidas nas terras altas em meio à Caatinga, os chamados brejos de altitudes, com espécies de plantas e animais encontrados na Amazônia e na Mata Atlântica, e outras endêmicas. Seu plano é terminar o mapeamento no próximo ano.

“Sem saber em que condições uma espécie ocorre em um dado local, não é possível recuperar uma área degradada, pois a primeira pergunta é ‘quais espécies plantar?’”, comenta o biólogo da Unicamp Fernando Martins, que não participou desse mapeamento, mas estuda a Caatinga há cerca de 30 anos e foi o orientador de doutorado e supervisor de pós-doutorado de Moro.

Domingos CardosoCactos e outras plantas se espalham em Irecê, BahiaDomingos Cardoso

“Além disso”, ele prossegue, “há espécies que podem viver juntas e outras que se excluem por competição. Espécies vivendo em hábitats semelhantes podem viver juntas, pois já houve a exclusão competitiva. Associando espécies a regiões com ambientes semelhantes obtêm-se muitas informações imprescindíveis tanto na área teórica da biologia quanto na prática”.

Martins gostou de ver que os shapefiles – as camadas – do mapa, cada um com os diferentes tipos de ambiente dentro da Caatinga, foram publicados digitalmente com acesso aberto, o que permite a qualquer pesquisador associar os dados que coletar com as distintas áreas. “Isso é muito importante para possibilitar o entendimento não só de como foi possível a evolução de uma biota tão diversificada e regionalizada num ambiente tão severo, mas também sobre como conservar essa biodiversidade e estabelecer novas unidades de conservação capazes de preservar a biota em face da mudança climática”, ele comenta.

Marcelo Moro Campo costeiro com carnaúbas (Copernicia prunifera) no Parque Nacional de Jericoacoara, CearáMarcelo Moro

A bióloga Marcela Cruz Moreira, orientada por Martins no mestrado, comparou as espécies de angiospermas (plantas com flores) da vegetação de caatinga entre terrenos cristalinos e terrenos sedimentares. A hipótese inicial era de que os terrenos sedimentares, com solos mais profundos e maior capacidade de reter água, poderiam abrigar espécies muito diferentes. Mas não. “Os terrenos cristalinos, que víamos como mais seletivos, sustentam espécies mais diferentes que os sedimentares, podendo sugerir a atuação de processos evolutivos muito complexos”, conta Martins.

O ecólogo Marcelo Tabarelli, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), comenta: “O novo trabalho mostra um olhar mais acurado sobre a Caatinga, até então considerada como unidade única, embora a gente, que a percorre, saiba que não é. Esse tipo de divisão, baseado em características físicas do ambiente, deve funcionar bem para as plantas, mas não sei se também se aplicaria para outros grupos taxonômicos”.

Luis Costa Cavernas de Peruaçu, no norte de Minas GeraisLuis Costa

O geógrafo paraense José Maria Cardoso da Silva, da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, ressalta: “A grande questão hoje é saber o quanto dos padrões de endemismo da Caatinga é resultado da pressão humana na região”. As áreas agrícolas e pastagens abandonadas ou em uso cobrem 89% desse bioma, em comparação com o que deve ter existido há milhares de anos, sob as mesmas condições de clima e solo, antes da ocupação humana, de acordo com análises coordenadas pelo biólogo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Helder Araujo e publicadas em outubro de 2023 na Scientific Reports (ver Pesquisa FAPESP no 335).

“O desmatamento tem sido intenso, desde o século XVI, especialmente a leste, nas depressões norte e sul e no Distrito Borborema”, observa Araujo. “Também se perdeu muita mata ciliar, hoje já bastante rara ao longo dos rios, como o São Francisco.” Na caatinga de areia encontram-se as principais unidades de conservação da região, como o Parque Nacional da Serra da Capivara, a Estação Ecológica do Raso da Catarina e a Floresta Nacional Araripe-Apodi, que podem servir como exemplos de parte dos ambientes originais da Caatinga.

As cinco categorias básicas da biogeografia

Reino ou biorreino – grande extensão geográfica continental ou supracontinental com famílias de animais ou plantas encontradas apenas em um reino, indicando uma história evolutiva própria. O número de reinos varia, se considerar apenas plantas, animais ou ambos. Levando em conta plantas e animais, os reinos são oito: Antártida, Oceania (Polinésia, Nova Zelândia, Japão e Havaí), Indo-Malaia (Índia, sul da China e Indonésia), Australásia (Austrália e ilhas próximas), Neotrópico (América do Sul e Central), Afrotrópico (sul do Saara e Madagascar), Neártico (México, Estados Unidos, Canadá e Groenlândia) e Paleártico (norte da África e da Ásia e Europa). Os reinos constituem as divisões de maior escala da distribuição da biodiversidade, e seus limites são naturais, definidos pela distribuição de suas famílias exclusivas.

Região ou biorregião – extensão territorial continental ou supracontinental com topografia, relevo, geologia, clima e vegetação distintas de outras regiões. Seus limites são naturais e determinados pelos limites da paisagem típica de cada região. Pode ser usado para caracterizar um bioma, embora um mesmo bioma possa ocorrer em mais de um reino e de um região: por exemplo, o Bioma Mundial da Savana Tropical ocorre nos reinos Neotropical, Afrotropical, Australásio e Indomalaio.

Domínio biogeográfico – área subcontinental com características distintas de clima, vegetação, relevo e solo. No Brasil, seu uso foi proposto pelo geógrafo Aziz Ab’Saber (1924-2012), que enfatizou o clima e relevo como as principais características do que chamou de domínios morfoclimáticos. Os limites dos domínios biogeográficos são naturais e determinados pelas características de cada domínio, mas há largas zonas de transição entre eles.

Província biogeográfica – área geográfica dentro de um domínio que se diferencia por apresentar um grande conjunto de espécies endêmicas de animais e/ou plantas, isto é, muitas espécies que só ocorrem naquela área geográfica. Seus limites são naturais, definidos pela distribuição das espécies que caracterizam a província biogeográfica.

Distrito biogeográfico – área dentro de uma província com poucas espécies endêmicas, mas com um conjunto de outras espécies muito frequentes. Os limites são naturais, dados pela distribuição das espécies mais frequentes.

Fonte: Fernando Martins/Unicamp; Marcelo Moro/UFC

A reportagem acima foi publicada com o título “As surpreendentes faces da Caatinga” na edição impressa nº 344, de outubro de 2024.

Projetos
1.
Análise da estrutura filogenética de comunidades vegetais do domínio fitogeográfico da Caatinga (no 13/15280-9); Modalidade Bolsa de Pós-doutorado; Pesquisador responsável Fernando Roberto Martins (Unicamp); Bolsista Marcelo Freire Moro; Investimento R$ 241.517,63.
2. Meta-análise fitogeográfica do bioma Caatinga (no 09/14266-7); Modalidade Bolsa de doutorado; Pesquisador responsável Fernando Roberto Martins (Unicamp); Bolsista Marcelo Freire Moro; Investimento R$ 159.684,61.

Artigos científicos
EBACH, M. C. et al. International code of area nomenclature. Journal of Biogeography. v. 35, n. 7. p. 1153-7. 14 jul. 2008.
MORO, M. F. et al. Biogeographical districts of the Caatinga dominion: A proposal based on geomorphology and endemism. The Botanical Review. No prelo.

Livro
VELLOSO, A. L. et al. Ecorregiões propostas para o bioma Caatinga. Associação Plantas do Nordeste. The Nature Conservancy do Brasil. 2002.


Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

domingo, 18 de agosto de 2024

Matas Ciliares: A proteção aos rios

As matas ciliares são importantes elementos para a proteção dos rios. Essas matas funcionam como barreiras para a chegada de sedimentos nos rios. No entanto, as matas ciliares têm sido substituídas gradativamente por agricultura, pastagem, especulação imobiliária, e outros usos da terra. Com isso ocorre uma maior possibilidade de assoreamento dos rios e, consequentemente, maior poluição hídrica, e aumento dos riscos inerentes no abastecimento das cidades. Diante disso, as matas ciliares merecem uma maior atenção, e especialmente devem ser preservadas e protegidas pelos órgãos competentes.

Mata ciliar

As matas ciliares são áreas de vegetação que estão no entorno dos rios, lagoas, represas, nascentes, entre outros corpos hídricos. O nome para esse tipo de cobertura vegetal é dado devido à função que estas áreas desempenham, que é de proteção aos corpos hídricosAssim como os cílios funcionam como proteção para nossos olhos, as matas ciliares funcionam como um filtro para entrada de sedimentos e poluição nos rios.

Código Florestal de 2012 considerou as áreas de matas ciliares como Área de Preservação Permanente (APP). A partir dessa legislação, classificaram-se as matas ciliares como imunes ao corte. Dessa forma, houve uma maior proteção a vegetação, diminuindo assim os impactos nos recursos hídricos. Além disso, as matas ciliares passaram a ter uma maior atenção por meio do setor público. Portanto, houve um aumento de ações de recuperação das áreas degradadas que estavam as matas ciliares, principalmente em áreas de maior interesse público.

Código Florestal estabeleceu os limites das áreas de APP ao entorno dos rios, conforme a largura do corpo d’água. Assim, cursos d’água com menos de 10 metros de largura devem ter pelo menos 30 metros de vegetação. Rios com largura de 10 a 50 metros devem ter uma faixa de vegetação de 50 metros. Já, os rios com largura de 50 a 200 metros, com pelo menos 100 metros de área ciliar. Rios com largura 200 a 600 metros, mata ciliar com pelo menos 200 metros. E rios com largura superior a 600 metros, as áreas ciliares devem ter 500 metros. Além disso, a legislação também estabeleceu limites das faixas de vegetação ao entorno de reservatórios artificiais.

Papel das Matas Ciliares

Como já mencionado, as matas ciliares funcionam como barreiras para a sedimentação dos rios, porém essas áreas também são fundamentais para os animais, as plantas e para a biodiversidade. Normalmente, os animais utilizam essas áreas como passagem, devido à proximidade com as fontes hídricas, que servem a água para a fauna. Além disso, existem espécies de plantas que necessitam de uma maior disponibilidade hídrica para crescerem e desenvolveram. Assim também, as áreas ciliares desempenham serviços ecossistêmicos importantes, como a apreciação, abastecimento, e estruturação dos solos, evitando enchente.

As matas ciliares auxiliam na filtragem e drenagem pluvial da água para os lençóis freáticos, e os aquíferos. Dessa forma, essas áreas verdes contribuem na manutenção e recarga dos rios, bem como de corpos d´água próximos. Além disso, as raízes das plantas que estão próximas aos rios estruturam os solos, impedindo a ocorrência de eventos erosivos, bem como, as inundações, enchentes, e deslocamento de terra. E por fim, as matas ciliares aumentam a qualidade e na quantidade das águas, o que impactam diretamente a sociedade atual e futura.

Assoreamento dos rios

A sociedade depende diretamente dos corpos hídricos para a sua sobrevivência. No entanto, como relatado, negligenciou-se a conservação e proteção dos rios. O assoreamento é um bom exemplo para ilustrar isso. Esse fenômeno acontece de forma natural, mas pode-se intensificar pela ação humana. A intensificação desse processo tem consequências destrutivas para o homem, uma vez que os corpos hídricos são responsáveis pelo abastecimento humano, dos animais, além de auxiliar na irrigação das plantações.

O assoreamento ocorre pelo escoamento de sedimentos trazidos pela chuva, em que se transporta a camada superficial do solo até os rios, esta depositada no fundo. Dessa forma, quando os rios não possuem em suas margens a vegetação, os sedimentos chegam no rio, em uma maior quantidade, e em maior velocidade, pois nesse caso não há barreiras para impedir os sedimentos. Além de sedimentos do solo, pode-se carregar lixo e esgoto para o rio, causando sérios riscos para o homem, animais e plantas.

O material que chega nos rios é levado e depositado em partes mais planas dos rios. Muitas vezes, formam-se grandes bancos de areia que prejudica a navegabilidade dos rios e o escoamento fluvial. Além disso, o material sedimentado pode ser tóxico, causando desiquilíbrio ambiental, em virtude dos peixes e outros animais que vivem nos rios. Cabe ressaltar, que a sedimentação dos rios, podem provocar o desvio e acúmulo de água em determinados pontos, causando enchentes e deslizamentos de terra.

Desmatamento de áreas ciliares

desmatamento em matas ciliares vem intensificando na proporção que as atividades antrópicas crescem próximas aos cursos d’água. Apesar de serem classificadas com áreas de preservação permanente, existem diversas ações ilegais em áreas de matas ciliares. Muitas situações poderiam ser evitadas com a fiscalização adequada, no entanto, o pessoal responsável não é suficiente para banir essas situações. As áreas de matas ciliares percorrem muitos quilômetros e estão vulneráveis ao desmatamento.

As causas para o desmatamento em matas ciliares são inúmeras, e ocorrem principalmente devido à proximidade com os rios. As principais causas são a agricultura e a pecuária. No caso da agricultura, muitas culturas agrícolas exigem uma irrigação periodicamente. Assim, muitas vezes, desmatam-se as matas ciliares para a instalação dos plantios. Além disso, existem algumas instalações de pastagem nessas áreas, em decorrência da proximidade com os rios para o gado, o que causa perda da biodiversidade local. Outros fatores também têm causado o desmatamento das áreas ciliares, como o plantio de espécies florestais, a construção de casas e edifícios, entre outros. No entanto, é importante deixar claro, que essas atividades em áreas ciliares são ilegais, e fere o código florestal.

Inventário Florestal nas Matas ciliares

Como já mostrado ao longo do texto, as matas ciliares são imprescritíveis para o homem e o meio ambiente. A conservação e preservação dessas áreas são passos fundamentais, para uma sociedade equilibrada e possível. Porém, o conhecimento dos recursos disponíveis nessas áreas é importante para gerar uma conscientização e legislação cada vez mais justa para as matas ciliares. Para isso, realizam-se os inventários florestais para conhecer o estoque presente e realizar estimativas do potencial dessas florestas.

Nesse contexto, realiza-se o inventário florestal em matas ciliares de forma diferente dos inventários em outras áreas. As matas ciliares, em muitos casos, são faixas contínuas e estreitas, por isso a alocação das parcelas deve respeitar as dimensões das matas. Ademais, deve-se coletar as medidas de critério de inclusão do diâmetro à altura do peito (DAP), dimensões da parcela, e outras variáveis dendrométricas observando o tipo de vegetação amostrada. Cabe ressaltar, que em certos locais são de difícil acesso, e estão em áreas de conflito, por isso, antes da realização do inventário florestal, deve-se realizar um planejamento preciso.

Ações para diminuir o impacto nas Matas Ciliares

Diante da importância das matas ciliares, deve-se realizar diversas medidas para auxiliar na preservação das nossas matas. No entanto, é salutar ressaltar que as ações devem ser feitas de forma conjunta e bem projetada entre as diferentes entidades da sociedade. Em outras palavras, os órgãos públicos, ONGs e universidades devem implementar ações preventivas em conjunto para conseguirmos alcançar um ambiente mais equilibrado.

A principal medida é conscientização da população sobre a importância das matas ciliares para os rios, e diretamente para a sociedade. Nesse sentido, a população deve compreender o valor da água, e principalmente a importância da qualidade e da quantidade da água para o ser humano. Essa conscientização deve ser realizada por meio da educação ambiental em escolas, universidades, associações, praças, órgãos privados e públicos, para se alcançar um maior público possível.

Uma ação fundamental é a recuperação das áreas degradadas em matas ciliares. Assim, deve-se realizar essa ação de forma técnica, respeitando a distância do rio, escolhendo as espécies adequadas, e o espaçamento das plantas. Por exemplo, nada adiantará plantar mudas que não estão adaptadas as condições dos locais que forem plantadas. Outras questões importantes são a quantidade de mudas e sementes, e a qualidade das espécies escolhidas. Dessa forma, deve-se planejar adequadamente os requisitos técnicos para o enriquecimento de uma mata ciliar ou a sua total recuperação.

Além das ações já citadas, medidas que podem proteger os rios e as matas ciliares, são o cercamento das matas ciliares em áreas próximas à pecuária, que impedirá que o gado alcance o rio, e cause compactação do solo. Ademais, a conservação dos solos das áreas próximas, como exemplo evitar queimadas, promover plantios em curvas de nível, plantios em consórcios, entre outras ações que promovem a conservação dos solos. Atrelado a isso, uma medida fundamental é a fiscalização por meio de órgãos públicos, para evitar ações ilegais de desmatamento nas matas ciliares.

Conclusão

Nesse contexto, as matas ciliares merecem uma atenção especial por toda a população, uma vez que a manutenção dessas matas está diretamente atrelada ao bem-estar da sociedade. Por isso, devemos exigir que os representantes dos órgãos responsáveis ajam para proteger as matas ciliares e responsabilizar os culpados pelo desmatamento ilegal. No entanto, a conscientização deve vir primeiramente de todos nós, com medidas simples e possíveis. Como exemplo, fazer o descarte correto do lixo, realizar a utilização correta e consciente da água. Por fim, só conseguimos um ambiente equilibrado e sustentável, se todas as esferas da sociedade agirem de forma adequada e respeitosa.


Em 5 de setembro de 2023
Fonte: https://matanativa.com.br/matas-ciliares-e-os-rios/

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Tratamento com fumaça pode favorecer a germinação de sementes do Cerrado

 

José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – As plantas do Cerrado evoluíram, ao longo de milhares de anos, na presença de queimadas espontâneas. O efeito da fumaça na germinação de sementes de 44 espécies vegetais típicas desse bioma foi tema de pesquisa publicada por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) no periódico Plant Ecology. Segundo os autores, os resultados poderão ser utilizados para otimizar a restauração de áreas degradadas.

O estudo foi conduzido pelo doutorando Gabriel Schmidt Teixeira Motta, sob a orientação da professora da Unesp Rosana Marta Kolb.

“Pesquisas anteriores investigaram a ação da fumaça sobre algumas poucas espécies, mas o levantamento feito neste estudo é o mais completo já realizado no Cerrado. O Gabriel avaliou o efeito da fumaça na germinação de 44 espécies do estrato herbáceo-arbustivo do bioma, envolvendo gramíneas, outras ervas [não gramíneas], subarbustos e arbustos”, diz Kolb.

A pesquisadora informa que a fumaça contém centenas de substâncias, que podem favorecer ou prejudicar a germinação de sementes, dependendo das espécies. As mais conhecidas delas são as carriquinas, reguladores da germinação e do crescimento encontrados na queima de material vegetal. As carriquinas interagem com os hormônios das plantas, promovendo a germinação de certas sementes e inibindo o desenvolvimento de outras.

“Como a pesquisa feita diretamente com fumaça gasosa envolve variáveis difíceis de replicar, optamos por utilizar ‘água de fumaça’ disponibilizada comercialmente. Ela produz um efeito equivalente ao da chuva depois da queimada. E sua ação pode ser facilmente reproduzida por outros pesquisadores”, explica Kolb. E conta que, em seu laboratório, foram empregadas duas concentrações de “água de fumaça”: 2,5% e 5,0%.

Aplicações práticas

O estudo em pauta enfocou o efeito individual das duas concentrações de água de fumaça na germinação das sementes das 44 espécies, sem se preocupar com a definição de estratégias de manejo. Mas as aplicações práticas são óbvias: sementes que respondem bem poderão ser semeadas em áreas que sofreram a ação do fogo ou ainda previamente tratadas com “água de fumaça”, na concentração adequada, antes da semeadura em campo, em áreas degradadas por pecuária e outros usos do solo. “Verificamos que, não apenas as plantas típicas de savanas, mas até mesmo algumas espécies de campos úmidos, que não evoluíram na presença de fogo intenso e frequente, responderam bem ao tratamento com fumaça”, destaca Kolb.

Das 44 espécies estudadas, 14 delas (32% do total) mostraram aumento na germinação em resposta à fumaça, com variações dependendo da concentração. Por outro lado, quatro espécies (9% do total) exibiram uma redução significativa na germinação, particularmente na concentração mais alta, de 5%. As gramíneas, em especial, germinaram mais rapidamente em resposta à fumaça, com destaque para Ctenium polystachyum e Saccharum villosum, que apresentaram redução substancial no tempo médio de germinação após tratamento com “água de fumaça”.

“Os resultados indicam que a fumaça pode atuar como um estímulo importante para a germinação em algumas espécies do Cerrado, oferecendo uma vantagem competitiva no ambiente pós-fogo. A pesquisa sugere que as respostas à fumaça são altamente específicas para cada espécie e variam de acordo com a forma de crescimento e o tipo de comunidade vegetal”, resume Kolb.

Além de Motta e Kolb, Natashi Pilon e Alessandra Fidelis participaram do estudo. A pesquisa recebeu apoio da FAPESP por meio do projeto “Atributos adaptativos ao fogo de sementes de espécies do Cerrado”, coordenado por Fidelis, e da bolsa de pós-doutorado concedida a Pilon.

O artigo Smoke Effects on the Germination of Cerrado Species pode ser acessado em: https://link.springer.com/article/10.1007/s11258-024-01427-4.